É uma planta resistente a períodos prolongados de estiagem, solos com baixa drenagem, pouca
fertilidade, fácil propagação, crescimento rápido e rusticidade contra pragas e
doenças.
Afonso
Rabelo-Engenheiro Florestal
rabeloafonso@gmail.com
Embora apresente
potencial frutífero, paisagístico e ornamental, seu cultivo ainda, é enexpressivo
em áreas urbanas, especialmente na cidade de Manaus no Estado do Amazonas. No
entanto, é muito cultivada em outras regiões do Brasil, com destaque para a
região Centro Oeste, onde é cultivada na arborização urbana do Distrito
Federal. Na cidade de Brasília é bastante cultivada no espaço chamado de Bosque
dos Constituintes, com 62 plantas. Outros exemplares podem ser encontrados no
entorno dessa área. Esta espécie é conhecida vulgarmente como ingá-chichica ou
ingá de macaco, cujo nome científico é Inga
laurina (Sw.) Willd.
NOMENCLATURA
DA ESPÉCIE
Nome científico – Inga laurina (Sw.) Willd.
Sinonímias - Inga fagifolia (L.) Willd. ex Benth.
Família – Fabaceae.
Nomes comuns na
Amazônia - ingá-chichica,
ingá-de-macaco, ingaí.
Origem – Provavelmente Amazônia.
Distribuição – Sul da América do Norte,
América Central, América do Sul e, em quase todos os Estados do Brasil.
CARACTERÍSTICAS
BOTÂNICAS
ÁRVORE - É uma fruteíra provavelmente
nativa da Amazônia, onde é encontrada em ambientes de floresta primária, predominando
nos ecossistemas de terra firme e de várzeas. Esta espécie, pode ser encontrada
ainda, do sul da América do Norte, América Central, América do Sul e, em quase
todos os Estados do Brasil. A ingazeira-chichica é uma árvore de porte médio,
podendo atingir até 15 metros de altura. Em áreas abertas, possui caule curto,
copa ampla, sendo muito ramificada e com folhagens abundantes e perenes, a qual
confere uma conformação bastante ornamental. Embora apresente potencial
frutífero, paisagistico e ornamental, seu cultivo ainda, é enexpressivo na
cidade de Manaus no Estado do Amazonas, todavia é uma planta resistente à
períodos prolongados de estiagem, solos com baixa drenagem e pouca fertilidade.
Contudo, a ingazeira-chichica é uma espécie de fácil propagação e, quando cultivada
racionalmente, possui crescimento rápido, produz grande fitomassa, flora várias
vezes por ano, fixa de nitrogênio no solo e apresenta rusticidade contra pragas
e doenças, em decorrência disso, seu cultivo pode ser sugerido em sistemas
agroecológicos, criação de abelhas, recuperação de áreas degradadas,
reflorestamentos de matas ciliares, sombreamento para culturas que não toleram
luminosidade intensa e, na arborização urbana, paisagismo e estacionamentos
para carros (Figuras 1, 2 e 3).
Figura 1 - Detalhe da árvore da ingá-chichica.
Figura 2 - Detalhe do cultivo no estacionamento da UFAM-Manaus.
Figura 3 - Detalhe do cultivo em canteiro na estrada da Compensa, Manaus-AM.
FOLHAS - São do tipo compostas,
paripinadas, disposições alternas com dois pares folíolos e, presença de uma
glândula (nectário extrafloral) entre cada par. Em cada folha, os pares de
folíolos são maiores no ápice. A lâmina foliar apresenta forma elíptica, ápice
acuminado, base cuneada, margem lisa e nervuras proeminentes nas superfícies
superiores e inferiores (Figuras 4 e 5).
Figura 4 - Detalhe das folhas com disposições alternas.
Figura 5 - Detalhe do folíolo.
INFLORESCÊNCIAS
– São formadas nos ramos terminais nas axilas das folhas, sendo espigada,
solitária e vistosa; as flores são agrupadas nas inflorescências e constituídas
por pétalas tubosas na base, com coloração verde-claro a amarelo-claro e, presença
de vários estames brancos. A antese dessas flores acontece progressivamente da
base para a extremidade das inflorescências, em decorrência disso, ocorrem flores
abertas e botões florais simultaneamente na mesma inflorescência (Figuras 6 e 7).
Figura 6 - Detalhe da inflorescência espigada.
Figura 7 - Detalhe da flor com vários estames.
FRUTOS - São indeiscentes em forma de vagem achatada ou cilíndrica,
medindo em média 8cm de comprimento por 3cm de diâmetro, às vezes ocorrem
vagens com 2 e 3cm e, apenas uma semente no interior; o epicarpo (casca) possui
superfície rugosa de textura flexível e coloração verde-claro a amarelo-claro
quando maduro. O mesocarpo (polpa), com rendimento de ±20% do total do fruto é
constituído por um arilo branco de sabor adocicado; o consumo é basicamente na
forma in natura, no entanto, é muito importante na dieta de animais
silvestres como os macacos, pássaros e roedores (Figuras 8 e 9).
Figura 8 - Detalhe dos frutos nos ramos.
Figura 9 - Frutos inteiros e descerrados nas formas longitudinais e transversais.
SEMENTES – Possuem tegumentos
fibrosos e aderidos aos mesocarpos (polpas) e medem em média 1cm de comprimento por
0,5cm de diâmetro; o endosperma é sólido com superfície de coloração verde-claro;
o número de sementes por fruto varia de acordo com o tamanho da vagem, no
entanto, em média, encerram-se 4 sementes. Para o cultivo da Inga laurina, deve-se colocar as
sementes para germinar imediatamente após a coleta dos frutos maduros, pois elas
não toleram a secagem. Após a semeadura, à emergência das plântulas é rápido, com quase 100% de germinação (Figuras 10 e 11).
Figura 10 - Sementes inteiras e descerradas nas formas longitudinais e transversais.
Figura 11 - Detalhe de uma mudinha da ingá-chichica.