As
duas espécies juntas, são grandes responsáveis pela criação de emprego e renda
para as populações nas zonas rurais e áreas urbanas de pequenas cidades da
Amazônia.
Afonso
Rabelo-Engenheiro Florestal
rabeloafonso@gmail.com
Atualmente na Amazônia brasileira são conhecidas pela
ciência, quatro espécies de açaís, são elas:
1 – Nome
científico -
Euterpe catinga Wallace
Nomes vulgares: açaí-chumbinho ou açaí-da-caatinga
Ocorrência: região central e ocidental do
Estado do Amazonas.
2 - Nome
científico -
Euterpe longebracteata Barb. Rodr.
Nomes vulgares: açaí-chumbo ou açaí-da-mata.
Ocorrência: Amazonas, Norte do Mato
Grosso e costa ocidental do Estado do Pará.
3 – Nome científico - Euterpe
oleracea Martius
Nomes vulgares:
açaí, açaí-branco, açaí-do-Pará (nome comum mais utilizado),
açaí-da-várzea, juçara ou palmiteiro.
Ocorrência: Amapá, Amazonas na costa
oriental e demais regiões do Estado é cultivado, Maranhão, Pará e Tocantins.
4 - Nome científico - Euterpe
precatoria Martius
Nomes vulgares: açaí-do-Amazonas (nome comum mais utilizado),
açaí-da-mata, açaí-solteiro, açaí-da-terra-firme ou açaí-do-alto-Amazonas.
Ocorrência: Acre, Amazonas, Norte do
Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima.
No entanto, só duas espécies são exploradas
comercialmente, o açaí-do-Amazonas (Euterpe precatoria Mart.) e o açaí-do-Pará (Euterpe oleracea Mart.). A principal diferença entre os dois açaís,
está no hábito de crescimento das plantas, o açaí-do-Amazonas apresenta-se de
forma solitária não formando touceiras (apenas um por planta), enquanto que o
açaí-do-Pará, a espécie forma touceiras (vários indivíduos na mesma planta).
Assim sendo, quando falarmos de açaí ou de qualquer outra espécie, sempre é bom
mencionar o nome vulgar mais conhecido e o nome científico atual.
1 - CARACTERÍSTICAS
BOTÂNICAS DO AÇAÍ-DO-AMAZONAS
Euterpe
precatoria Mart.
O açaizeiro-do-Amazonas é uma palmeira monocaule nativa da
Amazônia, podendo atingir até 25 metros de altura; possui estipe (caule)
cilíndrico com 15-20cm de diâmetro, coloração cinza-escura, sem espinhos e com
cicatrizes aneladas resultantes da queda das bainhas. É uma palmeira muito
frequente no ecossistema amazônico, todavia, não forma populações adensadas
como o açaizeiro-do-Pará (Euterpe oleracea Mart.). Na floresta primária de terra firme, a maior abundância
concentra-se em ecossistemas de vertente e baixio, contudo, nas florestas de
solos mal drenados, próximos aos rios e lagos, possui eficiente mecanismo de
dispersão natural e adaptação em solos encharcados, chegando a alcançar mais de
200 indivíduos por hectare, nesses ambientes (Figura 1A).
Figura 1A. Hábito de crescimento solitário do açaizeiro-do-Amazonas (Euterpe precatoria Mart.).
O plantio do açaí-do-Amazonas (Euterpe precatoria Mart.) é quase inexpressivo, no entanto, sua
exploração é basicamente extrativista e, compreende áreas de populações
naturais encontradas principalmente em ecossistemas de terras baixas próximas
de rios e lagos. Atualmente o grande mercado consumidor dessa fruteira é a
cidade Manaus e os principais municípios produtores são: Cadajás, Caori,
Iranduba, Itacoatiara, Manacapuru e Manaquiri. Estima-se que 90% do vinho do
açaí consumido no primeiro semestre do ano em Manaus, seja derivado do
açaí-do-Amazonas.
Dados obtidos por Lehti (1991), citado Alice Castro
(1992), a partir do vinho de açaí de Euterpe
precatoria Mart. (açaí-do-Amazonas) vendido em Manaus, mostram valores
interessantes para quantidade de ferro. Para comparação, a análise efetuada com
couve (Brassica oleracea L.) cozida e
consumida tradicionalmente nas saladas ou nas feijoadas e, apresentada como uma
rica fonte de ferro, apontou valor de 2 mg/100g, enquanto que em 100g de açaí,
indicou o valor de 3,9mg, ou seja, 1,9mg ou 49% mais ferro que na couve.
A extração do palmito do açaizeiro-do-Amazonas em ambientes
naturais não é recomendado, por ser uma palmeira de hábito solitário. No
entanto, cultivos racionais do açaizeiro-do-Pará (Euterpe oleracea Mart.) e da pupunheira (Bactris gasipaes Kunth), para produção do palmito, são considerados
ecologicamente corretos e economicamente viáveis, pois reduzem a pressão sobre
a da extração de palmito de outras palmeiras nativas, sobretudo, as do gênero Euterpe
spp. como a juçara (Euterpe
edulis Mart.), nativa da mata atlântica, e do próprio açaí-do-Amazonas (Euterpe
precatoria Mart.), que é nativo da floresta amazônica.
É uma fruteira de grande potencial econômico, em decorrência
disso, é cultivada para produção de frutos em pequenos pomares, sítios e
quintais residenciais, entretanto, por ser uma palmeira de bonita conformação e
porte elegante, é cultivada também como planta ornamental em fachadas de
prédios, casas e alguns condomínios da cidade de Manaus (Figura 1B).
Figura 1B. Uso do açaizeiro-do-Amazonas (Euterpe precatoria Mart.) como planta ornamental.
FRUTOS - São drupas de forma globosa, medindo de 1,1-1,2cm de
comprimento, por 0,9-1,1cm de diâmetro e pesando em média, 1 (um) grama;
apresentam epicarpo (casca) fino, liso e de coloração negro-arroxeada na
maturidade; o mesocarpo (polpa) é pouco volumoso, possui coloração violácea e
espessura pequena. O mesocarpo (polpa) e o epicarpo (casca) são os subprodutos
dos frutos utilizados na preparação da polpa concentrada e do vinho, com
rendimento ±20% em relação ao total do fruto. O vinho de açaí é considerado um
alimento calórico e rico em pigmentos chamados antocianinas, que por sua vez
têm função antioxidante e também ajudam na circulação sanguínea, além de
possuírem reconhecidamente, considerados teores de fibras, lipídeos, proteínas,
vitamina-E e minerais como cálcio, ferro, fósforo e potássio. Este vinho é
consumido, basicamente, na forma tradicional com açúcar e farinha de tapioca,
seu paladar é semelhante ao vinho do Euterpe oleracea Mart. (açaí-do-Pará), que
juntos são considerados como principais alimentos das populações interioranas
da região amazônica, contudo, a polpa concentrada ou desidratada é utilizada,
sobretudo, na agroindústria na preparação de alimentos como: doces, geleias,
licores, picolés, sorvetes, sucos, tortas, entre outros; e em laboratórios, na
fabricação de vários tipos de cosméticos e medicamentos fitoterápicos (Figura
1C e 1D).
Figura 1C. Infrutescência madura do açaizeiro-do-Amazonas (Euterpe precatoria Mart.).
Figura 1D. Frutos inteiros e descerrados açaizeiro-do-Amazonas (Euterpe precatoria Mart.).
2 - CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DO AÇAÍ-DO-PARÁ
Euterpe oleracea Mart.
O açaizeiro-do-Pará é uma palmeira multicaule, constituída por
3 a 20 indivíduos de diferentes tamanhos nas touceiras, contudo, os mais velhos
chegam a alcançar até 20 metros de altura. Os estipes (caules) são cilíndricos,
medindo de 8 a 12cm de diâmetro, possuem superfície lisa, coloração cinzenta e
cicatrizes aneladas resultantes das renovações das bainhas. A base do estipe é
coberta por de raízes adventícias, as quais apresentam coloração avermelhada,
em épocas chuvosas e cinzenta, nos períodos de estiagem. Por apresentar uma
abscisão constante de folhas, aliada ao sistema radicular fasciculado e
abundante e, com a presença de raízes adventícias, o açaí-do-Pará pode ser
recomendado para proteção do solo, enriquecimento de matas ciliares, proteção
de nascentes e prevenção contra assoreamento de rios, lagos e igarapés (Figura
2A).
Figura 2A. Hábito de crescimento solitário do açaizeiro-do-Pará (Euterpe oleracea Mart.).
É nativo da Amazônia, tendo suas maiores populações
concentradas nas florestas da Amazônia Oriental, principalmente, nos Estados do
Pará, Amapá e Maranhão. Possui eficiente mecanismo de dispersão natural e
adaptação a solos encharcados; em função disso, cresce de maneira espontânea,
sobretudo, nas margens de pequenos rios, igarapés e em florestas de solos
arenosos mal drenados, às vezes, formando populações quase homogêneas, no
entanto, fora desses ambientes, a espécie é bastante vulnerável à estiagem,
principalmente, quando cultivadas em canteiros dentro da zona urbana. Na
Amazônia oriental, o açaí-do-Pará figura como a espécie mais promissora para o
manejo sustentado de produtos florestais não madeireiros, visto que, a
comercialização de seus subprodutos possibilitam geração de emprego, aumento de
bens móveis e imóveis que, consequentemente promovem melhoria na qualidade de
vida das população ribeirinhas. O açaizeiro-do-Pará atualmente é cultivado para
produção de frutos como produto principal e palmito como secundário, por vários
agricultores, sobretudo, no Estado do Pará. Entretanto, por ser bastante ornamental,
é muito comum seu cultivo em quintais residenciais, fachadas de prédios e
praças espalhadas por toda a Amazônia (Figura 2B).
Figura 2B. Uso do açaizeiro-do-Pará (Euterpe oleracea Mart.) como planta ornamental.
Atualmente a cadeia produtiva do açaí-do-Pará emprega milhares
de pessoas em mais de 50 municípios no Estado do Pará, com uma produção anual
estimada em quase 600 mil toneladas de frutos (ano de 2010), sendo ±60%
consumidas regionalmente, 25% exportados para a região Sudeste do Brasil e 15%
para a Europa e Estados Unidos, onde possuem boa aceitação, figurando entre os
frutos mais saborosas da atualidade nesses países
FRUTOS - Apresentam forma globosa, medindo de 1,2-1,5cm de
comprimento por 1,1-1,6cm de diâmetro; o epicarpo (casca) é fino e liso, com
coloração negro-arroxeado, no entanto algumas variedades podem apresentar
ocasionalmente, frutos de coloração verde na maturidade; o mesocarpo (polpa) é
pouco volumoso, possui coloração violácea e espessura em torno de 1mm. O
mesocarpo (polpa) e o epicarpo (casca) são os subprodutos utilizados na
obtenção da polpa concentrada e na preparação do vinho, porém são limitados,
com rendimento ±15% em relação ao total do fruto. O vinho dessa espécie é
considerado um alimento calórico e rico em pigmentos chamados antocianinas, que
por sua vez, têm função antioxidante e também ajudam na circulação sanguínea,
além de conter considerados teores de fibras, lipídeos, proteínas, vitamina-E e
minerais como: cálcio, fósforo e potássio. O consumo do vinho do açaí-do-Pará (Euterpe oleracea Mart.) é semelhante ao
do açaí-do-Amazonas (Euterpe precatoria
Mart.), no entanto, a polpa concentrada ou desidratada é utilizada na
agroindústria para preparação de alimentos como: doces, geleias, licores,
picolés, sorvetes, sucos, tortas, entre outros. Também é utilizada em
laboratórios de cosméticos para fabricação de creme para cabelo, esfoliante,
hidratante corporal, máscara capilar, sabonete líquido e em barra, xampu e
condicionador, além de alguns medicamentos fitoterápicos (Figuras 2 C e 2D).
Figura 2C. Infrutescência madura do açaizeiro-do-Pará (Euterpe oleracea Mart.).
Figura 2D. Frutos inteiros e descerrados açaizeiro-do-Pará (Euterpe oleracea Mart.).
muito legal
ResponderExcluirvocê é top
ResponderExcluirQue excelente pesquisa. Parabéns 👏👏👏👏
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