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sexta-feira, 29 de maio de 2015

Cartilha produzida por técnicos do Inpa apresenta ferramentas de coletas, pesquisas de pós-colheita, processamento e agregação de valor econômico aos frutos de buriti

As baixas ofertas de frutos e a pequena variedade de subprodutos alimentícios de buriti podem ser decorrentes das dificuldades de coletas dos cachos e dos desconhecimentos sobre os processos de amadurecimento pós-colheita e dos processos de extração e beneficiamento da polpa. Para solucionar esses problemas foram realizadas pesquisas direcionadas ao desenvolvimento de ferramentas para coleta dos cachos, pesquisas de pós-colheita, processamento e agregação de valor econômico aos frutos e os resultados estão na Cartilha Buriti.

Por Caroline Rocha/ Ascom Inpa - Fotos: Afonso Rabelo/Cbio/Inpa
 
Após desenvolverem uma ferramenta para coleta de cachos de 20 espécies de palmeiras da Amazônia, os técnicos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Afonso Rabelo e Felipe França, publicam uma cartilha sobre o buriti. O objetivo é divulgar as as ferramentas para coletas dos cachos, amadurecimento pós-colheita e as potencialidades econômicas e nutritivas dos frutos de buriti (Mauritia flexuosa L. f.) e servir de fonte para novos experimentos culinários com o fruto.
De acordo com Rabelo, a cartilha “Buriti: coleta, pós-colheita, processamento e beneficiamento dos frutos” possui texto com linguagem fácil, ilustrações coloridas, além de apresentar o desenvolvimento de ferramentas para coletas dos cachos, a fenologia dos frutos, época de coletas dos cachos, amadurecimento dos frutos pós-colheita e os métodos para extração, processamento e beneficiamento da polpa.

A publicação é resultado de dois anos de pesquisas nas comunidades de Morena, localizada na Vila de Balbina, no município de Presidente de Figueiredo; Nova Vida, em Itacoatiara; e Pau-Rosa, na zona rural de Manaus. A obra poderá ser utilizada pela sociedade em geral, estudantes, pesquisadores, agricultores, extensionistas e comunidades extrativistas.

Segundo o técnico do Inpa, as palmeiras de buriti possuem importância ecológica, econômica, gastronômica, nutricional, social e ornamental. São muito frequentes e abundantes na natureza amazônica e seus frutos são considerados um alimento antioxidante, altamente energético e rico em carboidratos, fibras alimentares, lipídios, ácido oléico (ômega-9), proteínas, ß-caroteno (pró-vitamina “A”), vitamina “C” e minerais como cálcio, fósforo, potássio, ferro e possuem alto valor agregado. 

“As ferramentas de coletas dos cachos podem aumentar a produtividade, reduzir custos de transportes e valorizar o extrativismo sustentado dos frutos de buriti, bem como promover a geração de novas atividades e geração de renda dentro das comunidades rurais”, contou Rabelo, que é engenheiro florestal.
 Buritizeiro e coletas dos cachos maduros utilizando a Palmhaste (vara de coleta de palmeiras).

Experimentos culinários

De acordo com o técnico Afonso Rabelo, assim como o açaí e o cupuaçu, o buriti tem amplo potencial para ascensão nos mercados regionais, nacional e internacional, já que o fruto é abundante na natureza, é nutritivo e possui alto valor agregado. Com isso, vários subprodutos podem ser produzidos pelas agroindústrias e encaminhados para lanchonetes, restaurantes, lojas que comercializam produtos naturais e ainda servir como completo da merenda escolar.

A equipe já desenvolveu 17 subprodutos alimentícios utilizando a polpa concentrada de buriti, como bolos, doces, cremes, biscoitos, molhos, mousses, pães, sorvetes caseiros e licores, entre outros. A meta é alcançar 50.
Processamento e beneficiamento dos frutos de buriti.

Rabelo e França entendem que a valorização dos frutos nativos é uma grande ferramenta para promover o extrativismo sustentado e para preservação e conservação da Amazônia, já que 30 espécies frutíferas tem mercado estabelecido na região e outras em expansão nos mercados nacional e internacional.

Comercialização dos frutos 

Segundo Rabelo, os frutos de buriti na forma in natura podem ser encontrados em algumas feiras na Amazônia, porém em quantidade inexpressiva. Para aumentar as ofertas de frutos nas feiras, ele argumenta que é necessário efetuar a coleta dos cachos maduros do buriti e armazenar os frutos para amadurecimento completo por três dias. Após esse período os frutos podem ser acondicionados em paneiros ou sacos de ráfia para o transporte até o local da comercialização.


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