As baixas ofertas de frutos e a pequena
variedade de subprodutos alimentícios de buriti podem ser decorrentes das
dificuldades de coletas dos cachos e dos desconhecimentos sobre os processos de
amadurecimento pós-colheita e dos processos de extração e beneficiamento da
polpa. Para solucionar esses problemas foram realizadas pesquisas direcionadas
ao desenvolvimento de ferramentas para coleta dos cachos, pesquisas de
pós-colheita, processamento e agregação de valor econômico aos frutos e os
resultados estão na Cartilha Buriti.
Por Caroline Rocha/ Ascom Inpa - Fotos: Afonso Rabelo/Cbio/Inpa
Após
desenvolverem uma ferramenta para coleta de cachos de 20 espécies de palmeiras
da Amazônia, os técnicos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(Inpa/MCTI), Afonso Rabelo e Felipe França, publicam uma cartilha sobre o
buriti. O objetivo é divulgar as as ferramentas para coletas dos cachos, amadurecimento
pós-colheita e as potencialidades econômicas e nutritivas dos frutos de buriti
(Mauritia flexuosa L. f.) e
servir de fonte para novos experimentos culinários com o fruto.
De acordo com
Rabelo, a cartilha “Buriti: coleta, pós-colheita, processamento e
beneficiamento dos frutos” possui texto com linguagem fácil, ilustrações
coloridas, além de apresentar o desenvolvimento de ferramentas para coletas dos
cachos, a fenologia dos frutos, época de coletas dos cachos, amadurecimento dos
frutos pós-colheita e os métodos para extração, processamento e beneficiamento
da polpa.
A publicação é
resultado de dois anos de pesquisas nas comunidades de Morena, localizada na
Vila de Balbina, no município de Presidente de Figueiredo; Nova Vida, em
Itacoatiara; e Pau-Rosa, na zona rural de Manaus. A obra poderá ser utilizada
pela sociedade em geral, estudantes, pesquisadores, agricultores,
extensionistas e comunidades extrativistas.
Segundo o técnico
do Inpa, as palmeiras de buriti possuem importância ecológica, econômica,
gastronômica, nutricional, social e ornamental. São muito frequentes e
abundantes na natureza amazônica e seus frutos são considerados um alimento
antioxidante, altamente energético e rico em carboidratos, fibras alimentares,
lipídios, ácido oléico (ômega-9), proteínas, ß-caroteno (pró-vitamina “A”),
vitamina “C” e minerais como cálcio, fósforo, potássio, ferro e possuem alto
valor agregado.
“As ferramentas
de coletas dos cachos podem aumentar a produtividade, reduzir custos de
transportes e valorizar o extrativismo sustentado dos frutos de buriti, bem
como promover a geração de novas atividades e geração de renda dentro das
comunidades rurais”, contou Rabelo, que é engenheiro florestal.
Buritizeiro e coletas dos cachos maduros utilizando a Palmhaste (vara de coleta de palmeiras).
De acordo com o
técnico Afonso Rabelo, assim como o açaí e o cupuaçu, o buriti tem amplo
potencial para ascensão nos mercados regionais, nacional e internacional, já
que o fruto é abundante na natureza, é nutritivo e possui alto valor agregado.
Com isso, vários subprodutos podem ser produzidos pelas agroindústrias e
encaminhados para lanchonetes, restaurantes, lojas que comercializam produtos
naturais e ainda servir como completo da merenda escolar.
A equipe já
desenvolveu 17 subprodutos alimentícios utilizando a polpa concentrada de
buriti, como bolos, doces, cremes, biscoitos, molhos, mousses, pães, sorvetes
caseiros e licores, entre outros. A meta é alcançar 50.
Processamento e beneficiamento dos frutos de buriti.
Rabelo e França entendem que a valorização dos frutos nativos é uma grande ferramenta para promover o extrativismo sustentado e para preservação e conservação da Amazônia, já que 30 espécies frutíferas tem mercado estabelecido na região e outras em expansão nos mercados nacional e internacional.
Comercialização dos frutos
Segundo Rabelo,
os frutos de buriti na forma in natura podem
ser encontrados em algumas feiras na Amazônia, porém em quantidade
inexpressiva. Para aumentar as ofertas de frutos nas feiras, ele argumenta que
é necessário efetuar a coleta dos cachos maduros do buriti e armazenar os
frutos para amadurecimento completo por três dias. Após esse período os frutos
podem ser acondicionados em paneiros ou sacos de ráfia para o transporte até o
local da comercialização.
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