Por Caroline Rocha – Ascom Inpa
Foto: Acervo Afonso Rabelo
Para superar
gargalos do extrativismo de palmeiras frutíferas na Amazônia, técnicos do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) capacitam comunitários
sobre novos usos do buriti na culinária regional e a utilização de uma
ferramenta de coleta de cachos de frutas em palmeiras.
De acordo com os
técnicos Afonso Rabelo e Gláucio Belém, o buriti (Mauritia flexuosa L. f.) é uma palmeira abundante na Amazônia,
predominante em solos encharcados embora possa ser cultivado em superfície de
solos bem drenados fora do habitat natural, e de ampla importância econômica,
social, nutricional.
Os frutos do buriti são considerados antioxidantes, altamente energéticos e ricos em carboidratos, fibras alimentares, lipídeos, ácido oleico (ômega-9), proteínas, ß-caroteno (pró-vitamina), vitamina C e minerais como: cálcio, fósforo, potássio, ferro e possuem alto valor agregado, porém muito desperdiçado.
Para estimular o
extrativismo sustentado e a geração de novas atividades produtivas nas
comunidades rurais e indígenas, os técnicos foram para Tabatinga (a 1.108
quilômetros de Manaus), município que possui grandes extensões de buritizais.
Os técnicos do Inpa
capacitaram 43 pessoas, em julho, para desenvolver produtos culinários do fruto
de buriti, entre extrativistas, servidores públicos, estudantes e mulheres
indígenas, além de demonstrar o uso da ferramenta para coleta de cachos de
palmeiras. A previsão é que tenha uma fábrica de beneficiamentos dos frutos do
buriti em Tabatinga podendo ser instalada até a próxima safra, que ocorrerá
daqui aproximadamente um ano.
No município do Alto
Solimões, foram desenvolvidas palestras sobre as potencialidades extrativistas,
econômicas, nutricionais e paisagísticas do buriti, e ainda foi realizada uma
oficina gastronômica com o fruto.
O objetivo da oficina
foi valorizar as fruteiras amazônicas. “Antes o buriti era usado apenas para
fazer doce, sorvete, vinho e picolé. Mostramos aos participantes novas formas
de utilizar o buriti na culinária regional e aumentar o valor do fruto”,
explicou o técnico Gláucio Belém.
De acordo com Afonso
Rabelo, que é engenheiro florestal e pós-graduado em Ciências Biológicas, a
equipe dele já desenvolveu 15 produtos novos utilizando a polpa de buriti:
bolos, brigadeiros, caldeirada de tambaqui com buriti, cremes, molhos de
pimentas de buriti, molhos para sanduíches de buriti, moqueca de surubim com
buriti, mousses, pães, pirarucu
desfiado com buriti substituindo o colorau, pirarucu empanado com buriti
substituindo o trigo, pirarucu fresco ao molho de buriti, pudins, sucos
concentrados, tortas e vatapá em substituição ao azeite dendê. “Estamos trabalhando
para alcançar 50 combinações diferentes utilizando a polpa de buriti”, contou
Rabelo.
Ferramenta para
coletas de cachos de palmeiras
De acordo com Afonso
Rabelo, no cenário atual, as palmeiras que não possuem espinhos são coletadas
com a escalada de pessoas nas árvores, porém, o trabalho é considerado árduo e
muito perigoso. Já as plantas com estipes (caule) cobertos por espinhos são
coletadas com auxílio de instrumentos caseiros, como por exemplo, varas de
madeiras com ganchos ou foices adaptadas na extremidade superior, apesar de ser
um trabalho perigoso, de difícil manuseio e muita das vezes inoperantes.
Diante dessa situação,
os técnicos do Inpa desenvolveram uma ferramenta para coleta de cachos de 20
espécies de palmeiras, batizada de Palmhaste. O uso da ferramenta
desenvolvida possui uma série de vantagens. Entre elas estão à diminuição das
ameaças de supressão das palmeiras para retiradas dos cachos e dos danos
mecânicos causados nas árvores para as coletas.
A vara formada por
tubos de alumínio naval com altura mínima de 3,20 metros e a máxima com 19,2
metros de altura e peso total de 13,12 quilos pode ajudar a evitar acidentes
graves com os coletores que precisam escalar as palmeiras para colher os
frutos, além de ajudar a aumentar a produtividade e a renda das comunidades
rurais, valorizando dessa maneira o extrativismo sustentado na Amazônia.
Segundo Rabelo, para
auxiliar na divulgação e difusão das potencialidades da Palmhaste, a
Editora do Inpa pretende lançar até o fim de 2015 uma cartilha sobre uso da
ferramenta de coleta. Os técnicos acreditam que a difusão dos produtos podem
alcançar novas metas de geração de emprego, renda, saúde e bem-estar, sobretudo
nas comunidades ribeirinhas e indígenas na Amazônia.
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