É uma palmeira oleaginosa
muito abundante na Amazônia e parte da região Nordeste e Centro-Oeste, porém
pouco explorada, contudo, apresenta potencial alimentício e industrial, podendo
gerar receitas para as populações tradicionais da Amazônia.
Afonso
Rabelo-Engenheiro Florestal
rabeloafonso@gmail.com
NOMENCLATURA
DA ESPÉCIE
Nome
científico – Orbignya phalerata Mart.
Sinonímias – Attalea lydiae (Drude) Barb. Rodr., Attalea speciosa Mart., Orbignya
barbosiana Burret, Orbignya lydiae Drude, Orbignya martiana
Barb. Rodr., Orbignya speciosa (Mart. ex Spreng.) Barb. Rodr.
Família
–
Arecaceae.
Nome
vulgar – Babaçu.
ORIGEM
–
Amazônia.
DISTRIBUIÇÃO – Nos Estados do
Acre, Amazonas, Maranhão, norte do Mato Grosso, Pará, Piauí, Rondônia, norte de
Tocantins.
CARACTERÍSTICAS
BOTÂNICAS
ÁRVORE – O babaçuzeiro é
uma palmeira monocaule, heliófila e arborescente, podendo atingir até 25m de
altura. É nativo da Amazônia com predominância em florestas de terra firme e em
florestas abertas. Coroa foliar constituída pôr muitas folhas tipo pinadas e
extensas. Os estipes (caule) nas plantas adultas são aéreos, lisos, eretos e
cilíndricos, medindo em média 30cm de diâmetro, todavia, nas plantas jovens,
são curtos e cobertos por bainhas senescentes. Na superfície do solo próximo ao
tronco da planta é comum a presença de folhas velhas, frutos secos e algumas sementes
deterioradas (Figura 1).
Figura 1. Hábito de crescimento do babaçuzeiro.
O babaçuzeiro ocorre no bioma Amazônico e no bioma Cerrado,
contudo, os Estados com maior predominância são: Acre, Amazonas, Maranhão, Norte
do Mato Grosso, Pará, Piauí, Rondônia e Norte de Tocantins, todavia as grandes abundâncias
e extensões de florestas homogêneas de babaçus, os chamados babaçuais são
encontrados nos Estados do Maranhão, Piauí e Tocantins. Nos Estados do Acre,
Amazonas, Pará, Rondônia e no Norte do Mato Grosso, o babaçu é pouco frequente,
entretanto, pode ser encontrado em algumas pastagens degradadas, florestas de
capoeiras e bordas de florestas, às vezes em grande abundância principalmente
sobre solos argilosos, bem drenados, úmidos ou secos.
Nos ambientes de floresta primária, os babaçuzeiros são associados
a uma vegetação heterogênea e densa, a qual é responsável pela baixa abundância
de indivíduos adultos. Geralmente nesses ambientes os babaçuzeiros adultos são
responsáveis pela formação de um banco de plântulas e de plantas jovens na fase
de crescimentos acaulescentes (sem caule). Nessas áreas quando ocorrem
desmatamentos ou queimadas para preparação de roçados ou renovações de
pastagens, tanto as plântulas, como as plantas jovens de babaçus, persistem
nesses ambientes, em decorrência do meristema apical, que na fase de plântulas
e de crescimento acaule, permanece abaixo do nível do solo, em consequência
disso, as plantas toleram ao corte e resistem às queimadas. Após o fogo
acontece crescimento acelerado dos babaçus jovens em relação às outras plantas
competidoras (Figura 2).
Figura 2. Hábito de crescimento dos babaçuzeiros em florestas degradadas.
No caso das pastagens, populações homogêneas de babaçuzeiros podem
ser formadas se o processo de renovação for efetuado sem o manejo adequado ou
por meio do fogo, nesses casos, os babaçuzeiros poderão se transformar num
grande obstáculo para a agropecuária. Todavia, após o estabelecimento e
crescimento em áreas degradadas, os babaçuzeiros produzem frutos em grande abundância
por ser uma palmeira tolerante a pragas, doenças e suportar estiagens
prolongadas, solos compactados, degradados e com baixa fertilidade. Os
principais dispersores das sementes de babaçus são cutias e pacas (Figura 3).
Figura 3. Hábito de crescimento dos babaçuzeiros em pastagens degradadas.
FOLHAS - Coroa foliar é
constituída por 12 até 20 folhas do tipo pinadas, medindo até 9m de
comprimento; as pinas são distribuídas regularmente e dispostas no mesmo plano
ao longo da raque (eixo central da folha). A bainha da folha é aberta, curta e com
até 0,8m de comprimento; o pecíolo pode alcançar até 2,0m de comprimento. Na
coroa foliar, entre as bainhas novas e velhas, é comum a presença de insetos
(besouros), de aracnídeos (aranhas e escorpiões), anfíbios (sapos), répteis
(cobras), roedores (ratos e camundongos) e vegetais como samambaias e aráceas
(Figuras 4 e 5).
Figura 4. Detalhe das folhas do babaçuzeiro.
Figura 5. Coroa foliar do babaçuzeiro com presença de samambaias.
INFLORESCÊNCIAS - São de coloração
amareladas, com forma espigada e localização intrafoliar, ou seja, entre as
bainhas das folhas. Estas inflorescências são protegidas por uma espata alongada,
bem larga no meio e, pontuda na extremidade apical; a textura é rígida com superfície
inferior lisa e a superior áspera, sendo esta constituída por pequenas faixas
longitudinais. Regularmente as inflorescências podem ser monoicas, estaminadas
ou pistiladas. As inflorescências monoicas apresentam flores masculinas e
femininas juntas na mesma inflorescência, sendo as femininas distribuídas na
base do eixo e as masculinas nas extremidades, no entanto as inflorescências estaminadas,
apresentam somente flores masculinas, já as pistiladas apenas flores femininas,
e raramente, todas juntas na mesma planta. As flores estaminadas são
constituídas por 3 sépalas, 3 pétalas e 6 estames e as flores pistiladas por 3
sépalas livres, 3 pétalas ovoides e estigma trífido (Figura 6).
Figura 6. Detalhe da inflorescência do babaçuzeiro.
FRUTOS – Apresentam formas
elipsoides, oblongas e às vezes cilíndricas. O estigma é persistente na região
apical dos frutos, entretanto, quando maduros o perianto desgruda facilmente da
base. Os frutos de babaçus medem 9,8 a 11,4cm de comprimento por 5,7 a 6,7cm de
diâmetro e pesar entre 200 e 300g. O epicarpo (casca) possui coloração marrom-castanha
e pequenos pontos verdes, contudo a superfície é levemente áspera, fina e a textura
é rígida e muito fibrosa, com potencial para ser usada na produção de papel ou
bioenergia em fornos caseiros. O mesocarpo (polpa) com rendimento de ±30% do
total do fruto possui coloração marrom-clara a esbranquiçada, com textura farinácea,
seca, sem aroma e rica em amido. Este mesocarpo possui potencial alimentar e
nutritivo e dele pode ser extraído uma farinha ou pó de babaçu, o qual pode ser
usado na culinária caseira para preparações de mingaus ou como ingredientes
para preparações de bolos e pães, ou ainda como rações para animais domésticos
(Figuras 7, 8 e 9).
Figura 7. Detalhe da infrutescência do babaçuzeiro.
Figura 8. Frutos inteiros e descerrados nas fomas longitudinais e transversais do babaçuzeiro.
Figura 9. Detalhe da farinha do mesocarpo (polpa) do babaçu.
SEMENTES – São constituídas
por endocarpo lenhoso, rígido, superfície fibrosa e coloração marrom e opaca.
No interior do endocarpo encontram-se de uma a seis sementes (amêndoas) e
eventualmente oito. Depois da retirada das sementes, o endocarpo pode ser usado
para fabricação de biojoias tais como: anéis, brincos, colares e pulseiras ou
ainda para produção de bioenergia doméstica e carvão com alto poder calorífico.
As sementes são formadas por tegumento fino, superfície estriada e coloração castanha.
O endosperma (amêndoa) é muito oleoso, coloração branca, textura sólida e abundante,
podendo ser consumido na forma in natura
pelos humanos ou animais domésticos. O rendimento em óleo pode atingir até 60%
dos endospermas (amêndoas) (Figura 10).
Figura 10. Sementes inteiras e descerradas na forma transversal e longitudinal do babaçuzeiro.
O óleo extraído da amêndoa de babaçu é o subproduto mais
valorizado e com alto valor comercial, tanto para usos domésticos como
indústrias. Com respeito ao uso doméstico, o óleo de babaçu pode ser utilizado
na preparação de diversas iguarias ou na fabricação de produtos de limpezas
como sabões e detergentes. Na medicina tradicional é usado no controle da dor
de garganta e como anti-inflamatório, cicatrizador ou ainda para massagens do
corpo do humano. Nas indústrias o óleo de babaçu é muito utilizado para produção
de sabões, sabonetes naturais, cremes hidratantes, condicionadores, xampus e
óleos lubrificantes
(Figuras 11 e 12).
Figura 11. Detalhe do azeite do endosperma (amêndoa) do babaçu.
Figura 12. Produtos obtidos a partir das sementes do babaçu.
O armazenamento das sementes do babaçu não é recomendado, pois
podem aumentar a predação das amêndoas pelas larvas dos besouros da família dos
bruquídeos e reduzir significativamente a taxa de germinação, todavia,
populações tradicionais consomem como alimento as larvas desses besouros na
forma in natura ou utilizam na
preparação de diversas iguarias, principalmente na época de escassez de
comidas.
OUTROS USOS DO
BABAÇU – As árvores têm potencial para uso no paisagismo urbano, pois
tolera solos secos, compactados e com baixa fertilidade. As folhas novas ainda
fechadas podem ser beneficiadas para serem usadas nas coberturas de casas ou
confecções de abanos, cestas, chapéus e peneiras. O Estipe (caule) tem potencial para ser transformado em esteios para
construções rurais e assentos rústicos. Os óleos extraídos das amêndoas possuem
grande potencial para composição do biodiesel. Após a extração do óleo, os
resíduos das amêndoas (farelo) podem ser utilizados na alimentação de animais
domésticos ou como ingredientes para composição de rações balanceadas.
quais informações podes nos disponibilizar sobre a espécie que aparece em tamanho menor na figura 3, com folhas mais claras e em maior número.
ResponderExcluirnosso e-mail: costa_ed1@hotmail.com
obrigada por disponibilizar essas informações!
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