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sexta-feira, 24 de abril de 2015

Técnicos do Inpa Afonso Rabelo, Felipe França e Gláucio Belém desenvolvem ferramentas para coleta de cachos de 20 espécies de palmeiras arbóreas difíceis de serem coletadas

As ferramentas possuem tecnologia simples de fácil manuseio e foram confeccionadas com materiais facilmente encontrados no mercado. Para permitir coletas de palmeiras de porte alto foram desenvolvidos mecanismos para sustentação, estabilidade e equilíbrio da haste. Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=clwf29E8SCE&feature=youtu.be
Da Redação Ascom Inpa
Técnicos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) desenvolveram uma tecnologia para a coleta de cachos de 20 espécies de palmeiras arbóreas, com e sem espinhos, difíceis de serem coletadas, mas que possuem alto valor econômico na Amazônia, sem a necessidade dos coletores escalarem as árvores. As ferramentas podem proporcionar a coleta de grande quantidade de frutos, possibilitando economia de tempo e redução do custo de transporte.
Há dois anos, os técnicos do Inpa, vinculados à Coordenação de Biodiversidade (CBIO), o engenheiro florestal Afonso Rabelo e os ilustradores botânicos Felipe França e Glaucio da Silva, vêm desenvolvendo e aperfeiçoando as ferramentas com o intuito de que os coletores que escalam as palmeiras não sofram desgaste físico e acidentes graves.

 “Com as ferramentas será possível, dentre outros resultados, estimular o extrativismo sustentável e gerar novas atividades produtivas dentro das comunidades rurais”, explica Rabelo, acrescentando que o uso da mão de obra ociosa ou desqualificada também poderá ser aproveitado nas coletas dos cachos com vista à ocupação, bem como a melhoria da qualidade de vida das comunidades rurais da Amazônia, sobretudo, as mais carentes.
De acordo com Rabelo, as ferramentas desenvolvidas possuem tecnologia simples de fácil manuseio e foram confeccionadas com materiais facilmente encontrados no mercado. Para permitir coletas de palmeiras de porte alto foram desenvolvidos mecanismos para sustentação, estabilidade e equilíbrio da haste.
A vara para coleta dos cachos é constituída por seis pares de tubos interligados por roscas que podem ser usados eventualmente na graduação da altura final da vara, podendo atingir de 2,75 metros até 18,5 metros de altura. As ferramentas usadas para o corte dos cachos são formadas por um serrote de poda e por uma foice tipo roçadeira.
Rabelo explica que para sustentação, estabilidade e equilíbrio da vara no estipe (caule) das palmeiras sem espinhos foram feitos dois orifícios transversais no tubo terminal para fixação de uma corda de 3,5 metros de comprimento. Já para a subida da haste, sustentação e equilíbrio nas palmeiras com espinhos foi necessário o uso de uma corda de 4,5 metros de comprimento, introduzida nos orifícios abertos em 0º e 270º das extremidades de um tubo de conexão de esgoto, tipo PVC, com 48 centímetros de comprimento por 10 centímetros de diâmetro e 45º de inclinação.
 Os testes foram realizados com sucesso junto aos coletores de palmeiras nas comunidades Morena, na Vila de Balbina (município de Presidente Figueiredo, a 107 quilômetros de Manaus); Nova Vida (em Itacoatiara, a 176 quilômetros de Manaus); Ramal do Pau Rosa (no Km 21 da BR-174), além das comunidades dos lagos do Iranduba (a 27 quilômetros de Manaus) e Paru (em Manacapuru, a 68 quilômetros da capital), e na Reserva de Fruticultura Tropical do Inpa (situada no Km 35 da BR-174). 

O técnico comenta que as palmeiras que não possuem espinhos são coletadas com a escalada de pessoas nas árvores, porém, esse trabalho é considerado árduo e perigoso. Segundo ele, as plantas com caules cobertos por espinhos são coletadas com o auxílio de instrumentos caseiros, como varas de madeiras ou de bambus, adaptadas com ganchos ou foices na extremidade superior. “Isto faz com que se tornem instáveis ou desequilibradas, de difícil manuseio e, muitas vezes, inoperantes”, enfatiza.

As invenções foram testadas com eficiência nas coletas dos cachos de 14 palmeiras sem espinhos: açaí-do-Pará (Euterpe oleracea Martius), açaí-solteiro (Euterpe precatoria Martius), babaçu (Orbignya phalerata Martius), bacaba (Oenocarpus bacaba Martius), bacabí (Oenocarpus mapora Karsten), bacabinha (Oenocarpus minor Martius), bacaba-de-leque (Oenocarpus distichus Martius), buriti (Mauritia flexuosa L. f.), caranâ (Mauritia carana Wallace), coco (Cocos nucifera L.), jaci (Attalea butyracea (Mutis ex L. f.) Wess. Bôer), inajá (Maximiliana maripa (Aubl.) Drude), patauá (Oenocarpus bataua Martius) e urucuri (Attalea phalerata Mart. ex. Spreng ). 
Também foram testadas com sucesso em seis palmeiras com espinhos: macaúba (Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart.), duas espécies de murumuru (Astrocaryum murumuru Martius e Astrocaryum ulei Burret), pupunha (Bactris gasipaes Kunth), tucumã-do-Amazonas (Astrocaryum aculeatum Meyer) e tucumã-do-Pará (Astrocaryum vulgare Martius).

Segundo Rabelo, as ferramentas desenvolvidas podem ser indicadas como um novo instrumento para planos de desenvolvimento regional sustentável e nas prevenções de acidentes com coletores de frutos. Segundo ele, o uso dos equipamentos poderá promover melhoria na renda familiar. “Pelo menos 15 espécies frutíferas de palmeiras têm mercado estabelecido na Amazônia com crescimento nas regiões Sudeste e Sul do Brasil e ganhando expansão nos mercados internacionais”, considera o técnico.
Para ele, é necessário que os governos municipais, estaduais e federais valorizem e fomentem ações que possam possibilitar maior extração dos recursos naturais da floresta. “Por exemplo, os frutos dos quais os subprodutos extraídos podem servir de matéria-prima para as agroindústrias, indústrias de cosméticos, farmacêuticas, entre outras”, finaliza.

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