*Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia-CBIO/INPA – rabeloafonso@gmail.com
FORAM DESENVOLVIDOS 100 PRODUTOS E RECEITAS
INÉDITAS A PARTIR DA POLPA DO BURITI
As receitas e os produtos foram
desenvolvidos com objetivo de valorizar uma das espécies de palmeiras mais
nobre da Amazônia, a qual possui forte valor agregado, mas que até então é
muito desvalorizada e desperdiçada.
ÁRVORE
DO BURITI – O buritizeiro é uma palmeira de porte
alto alcançar até 30
metros de altura e natureza indivíduos masculinas que
não frutificam e plantas femininas as quais produzem frutos. Apesar de
predominar em áreas de solos encharcados, o buritizeiro pode ser cultivado em
solos bem drenados fora do seu habitat natural, especialmente como planta
ornamental em parques botânicos, praças e fachadas de prédios ou para produção
de frutos. O buriti possui ampla distribuição geográfica e ocorrem em todo o
bioma amazônico, no cerrado, pantanal e parte das regiões Nordeste e Sudeste do
Brasil.
IMPORTÂNCIA - O buritizeiro é considerado uma fruteira de grande
importância ecológica, econômica, nutricional, ornamental e social e, com
elevado potencial para exploração extrativista e sustentada, especialmente,
pelas populações tradicionais da Amazônia. A polpa do fruto do buriti possui textura pastosa,
consistência oleosa, coloração amarela e rendimento de 30-35% em relação ao peso
total do fruto e é considerada como um alimento antioxidante, altamente
energético e rico em carboidratos, fibras alimentares, lipídios, proteínas e
ß-caroteno (pró-vitamina “A”), sendo considerado uma das maiores fontes de
vitamina “A” da natureza, além disso, possui ácido oleico (ômega-9), vitamina
“C” e minerais como: cálcio, fósforo, potássio e ferro. Os frutos de buriti possuem forte valor
agregado, mas ainda são muito desvalorizados e desperdiçados, apenas quatro
produtos podem ser encontrados no comércio, são eles: Doces, picolés, sorvetes
e sucos.
COLETAS DOS CACHOS DO BURITI -
No cenário atual, os frutos são coletados a partir da queda espontânea debaixo
das árvores, sendo considerada como uma atividade antieconômica, pois poucos
frutos são coletados por vez, acarretando em perda de tempo, desgastes físicos
e elevação do custo de transporte, além disso, essa atividade torna os frutos
suscetíveis às contaminações por fungos e bactérias e as predações por animais
silvestres. As principais razões que dificultam a exploração e desenvolvimento
de novas receitas e produtos do buriti são a falta de pesquisas sobre
ferramentas para coletas dos cachos, amadurecimento dos frutos pós-colheita e
processamento da polpa. Todavia, para resolver esses problemas a Editora do INPA publicou em 2015 uma cartilha
sobre pesquisas das potencialidades econômicas do buriti, pesquisas de pós-colheita, processamento
e agregação de valor econômico aos frutos e outra sobre o desenvolvimento de ferramentas para coleta dos cachos.
Link do vídeo das coletas dos cachos: https://www.youtube.com/watch?v=jZdKCMVl0m8
Cartilha Buriti
Cartilha sobre ferramenta para colheitas dos cachos do Buriti
APLICAÇÃO DOS RESULTADOS DAS PESQUISAS - Depois dessas pesquisas nós aplicamos esses conhecimentos e até o momento desenvolvemos 100 receitas e produtos inéditos oriundos da polpa do buriti. As receitas e os produtos criados possuem alto valor comercial e industrial.
PRODUTOS E RECEITAS -
Os produtos e as receitas desenvolvidas foram otimizadas visando proporcionar
para as pessoas maior praticidade, redução de custos, comodidade, segurança
alimentar, saúde, bem-estar e melhor aroma e paladar nos pratos, sobretudo na
culinária amazônica.
Dentre
os produtos desenvolvidos, destaco o TEMPERO
CASCUBURI, o qual pode ser usado para preparação de caldeiradas de vários
tipos de peixes amazônicos, dispensando o uso de todos os condimentos
tradicionais, nesse caso, usa-se somente o tempero e a água
Caldeirada de tucunaré no tempero cascuburi
Como
substituto do TRADICIONAL TUCUPI foi
produzido o TEMPERO TACABURI, que é
um produto constituído por frutos de castanha-do-Brasil, cubiu, buriti e ervas
amazônicas. O Tacaburi é um produto rico em propriedades medicinais, nutricionais
e fibras alimentares e possui baixa acidez. A partir desse tempero pode ser
preparado caldos muito aromático e com paladar muito saboroso, dessa forma pode
ser utilizado nas preparações de vários pratos tradicionais da culinária
amazônica, entre elas: pato, galinha-caipira, peixes (acari-bodó, pirarucu,
tamuatá, tambaqui, entre outros) e costela e rabada bovina. O caldo tacaburi pode
ser usado também em substituição ao tucupi na preparação do tacacá, e quanto as
aspectos econômicos, um litro do tempero concentrado tacaburi rende
aproximadamente 30 cuias médias do Tacaburi (tacacá sem tucupi), e se cada cuia
for vendida a 15 reais, o rendimento líquido descontando o custo de produção é
de 300 reais.
Link do vídeo sobre o tacaburi: http://g1.globo.com/am/amazonas/bom-dia-amazonia/videos/v/pesquisadores-desenvolvem-receita-de-tacaburi-no-am/5321132/
Link do vídeo sobre o tacaburi: http://g1.globo.com/am/amazonas/bom-dia-amazonia/videos/v/pesquisadores-desenvolvem-receita-de-tacaburi-no-am/5321132/
Tacaburi (tacacá sem o tradicional tucupi)
Foi
desenvolvido também um tempero chamado de VATABURI, o qual substitui o azeite
de dendê na preparação do vatapá tradicional, no entanto com vantagem de ser
mais saudável, pois a gordura da polpa do buriti é insaturada e a do dendê por
sua vez é saturada e muito prejudicial à saúde.
Vataburi (vatapá sem o uso do azeite do dendê).
Para
retirar o forte odor (pitiú) de peixes, frutos do mar, carnes de galinhas,
patos e porcos, foi desenvolvido um tempero a base de frutos de buriti e de
ervas amazônicas para dispensar o uso do limão, do sal e do vinagre.
Para
testar o aroma e paladar dos novos pratos, foram realizados vários eventos para
degustação para analisar as novas receitas e para nossa surpresa todas foram
aprovadas por unanimidade.
Todavia,
quanto aos aspectos nutricionais desses novos produtos, às pesquisas estão em
andamento no laboratório especializado de análises físicos-químicas da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e
outras já estão concluídas. Entretanto eu e minha equipe acreditamos
que nossos temperos são mais nutritivos e saudáveis em relação aos condimentos
industrializados.
Cabe
salientar que todos os produtos desenvolvidos, são isentos de corantes e conservantes químicos e o
prazo de validade de até seis meses durante o tempo em for conservado fora da geladeira.
PARA REFLEXÃO - Dentre os produtos florestais não madeireiros, nós acreditamos que a
valorização dos frutos é um grande argumento capaz de produzir efeitos
multiplicadores para manutenção da floresta em pé.
Muito legal o artigo, valeu
ResponderExcluirBoa noite.
ResponderExcluirComo faço para ter acesso a essa cartilha ?: FRUTOS DO BURITI (Mauritia flexuosa L. f.), POTENCIALIDADES ECONÔMICAS, GASTRONÔMICAS E INDUSTRIAIS